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Os 80 anos do escritor Antônio Alçada Baptista

 

Sr. Presidente, Sras. E Srs. Deputados: Acaba de completar 80 anos, em Lisboa, o escritor português e grande amigo do Brasil, Antônio Alçada Baptista e seus amigos, daqui e de lá, prepararam-lhe um livro-homenagem, que já se encontra nas livrarias, editado pela Bertrand Livreiros e Editores.

Nos últimos 17 anos, Alçada Baptista, que é membro da Academia de Ciências de Lisboa, homóloga da Academia Brasileira de Letras, veio várias vezes ao nosso país, quer para pronunciar conferências, quer para renovar contatos com escritores brasileiros, seus colegas de ofício, entre os quais posso citar José Sarney, Josué Montello, - infelizmente já falecido – e Marcos Vinicios Vilaça, este autor de um dos artigos do livro-homenagem editado pela Bertrand e que teve o justo e bem escolhido título de “Gente da gente”. Pois de tal modo Alçada Baptista identificou-se com o Brasil e os brasileiros que, realmente, podemos considerá-lo gente da gente.

Lembro-me de uma das suas histórias em Os Nós e os Laços – livro bem divulgado no Brasil – em que narra um diálogo que teve com Otto Lara Resende a propósito da família mineira tradicional; e Otto lhe falava das tias que o criaram, ao que Alçada Baptista retrucou: “a mesma coisa em Portugal: criaram-me as tias da Covilhã, uma cidade do norte de Portugal, tradicionalista e núcleo de velhas famílias. Essa “história íntima” – ou “o romance verdadeiro”, como já se disse –Alçada Baptista desenvolve, também, no livro Peregrinação Interior.

Este registro que faço aqui, nesta tribuna, dos oitenta anos de Antônio Alçada Baptista, tem também outro significado: o de agradecer o seu apoio a que se ponha em prática o Acordo Ortográfico Brasil-Portugal e que se estenda aos PALOP’s – países de língua oficial portuguesa. Não se compreende que continuemos a ter duas ortografias no dia-a-dia das nossas atividades e lembro, aqui, a resistência da mídia portuguesa que insiste em imprimir os “factos”, as “secções”, os “objectos” e autilizar os infinitos e a desprezar os gerúndios, de tal modo que, se comprarmos textos, temos quase dois idiomas.

Recordo que o nosso ex-colega, o Ministro Delfim Netto, costumava dizer que o português peca, no cotidiano, pelo “excesso de lógica”.

Acho que intelectuais do quilate de Alçada Baptista deveriam ser lembrados, sempre, nas universidades e Academias brasileiras pelo muito que têm feito e contribuído na construção de uma identidade cultural entre os dois países – Brasil e Portugal.

Muito obrigado!

Deputado INOCÊNCIO OLIVEIRA
Segundo Vice-Presidente

10/04/2007 - Atualizada em 09/04/2007