O escritor e embaixador aposentado Edgard Telles Ribeiro foi eleito, nesta quarta-feira (11), para a Cadeira 27 da Academia Brasileira de Letras. Ele ocupará a vaga que ficou aberta em outubro, com o falecimento, aos 79 anos, do acadêmico Antônio Cícero. Favorito absoluto desde que se inscreveu para a eleição, Ribeiro fez 28 votos, superando com facilidade outros 14 candidatos. O escritor, jornalista e crítico Tom Farias (Ueliton Farias Alves) fez 6 votos. Houve ainda 2 votos em branco e 3 abstenções.
Em março, Ribeiro já havia se candidato à cadeira 9 da ABL, conquistada na ocasião pela antropóloga e historiadora Lilia Katri Moritz Schwarcz. Apesar da derrota, foi bem votado (12 votos ante 24 da vencedora), o que o motivou a se candidatar mais uma vez.
Edgard declarou que, como contador de histórias, irá poder trazer uma vertente literária para a Academia.
- O fato de a ABL ter se diversificado, abrindo campos novos é fundamental para o país - disse ele. - Quem escreve contos, romances e poemas, como era o caso de Antonio Cicero, é muito ligado à palavra, a contar histórias e a despertar sonhos nas pessoas. Eu fico contente de ter me candidatado e de ter sido eleito para trazer uma contribuição nessa vertente específica de contador de história.
O presidente da ABL, Merval Pereira, lembra que, além de um diplomata de carreira, Edgard já escreveu diversos livros sobre a Ditadura Militar como pano de fundo, como o romance "O punho e a renda".
- Edgard foi eleito por ser um romancista, e não um diplomata, mas como diplomata também trabalhou na área cultural, inclusive com o (então Ministro da Cultura) Gilberto Gil - diz Merval. - Ele tem mais essa vantagem para a Academia, a experiência com a política cultural que vai nos ajudar muito.
Nascido em Valparaíso, no Chile, em 1944, Ribeiro tem uma trajetória entre o cinema, a literatura e a diplomacia. Iniciou sua carreira como crítico de filmes no Correio da Manhã do Rio. Estudou cinema na Universidade da Califórnia (UCLA). Em 1970, seu filme "Vietnam, viagem no tempo" foi exibido na Quinzena de Realizadores do Festival de Cannes.
Entre 1978 e 1982 foi professor de cinema na UNB. Entre romances e coletâneas de contos, Ribeiro publicou 15 livros, como “O criado-mudo”, "O impostor”, “As larvas azuis da Amazônia”. Já "O punho e a renda" (Record), de 2014, que narra os bastidores das embaixadas durante a ditadura militar brasileira, conquistou o Prêmio de Melhor Romance do Pen Clube em 2011.
Seu romance "Olho de rei" (Record), com as memórias inventadas de um imigrante francês que vira garçom da Confeitaria Colombo e abre um bar no Rio, recebeu o Prêmio da Academia Brasileira de Letras para Melhor Obra de Ficção de 2006. A sua obra mais recente é o romance “Jogo de armar” (Todavia), de 2023.
Após ingressar no Instituto Rio Branco, em 1966, Ribeiro serviu como diplomata nos Estados Unidos, Equador e Guatemala; e como embaixador na Nova Zelândia, Malásia e Tailândia.
Em Brasília, trabalhou na área cultural do Ministério das Relações Exteriores, cujo departamento chefiou entre 2002 e 2005. É autor da tese acadêmica “Diplomacia cultural: seu papel na política externa brasileira”.
Matéria na íntegra: https://oglobo.globo.com/cultura/noticia/2024/12/11/edgard-telles-ribeiro-e-eleito-para-a-cadeira-27-da-academia-brasileira-de-letras-e-sucedera-antonio-cicero.ghtml
12/12/2024