Tenho muitas amizades nas universidades cariocas.
São amigos que acabei formando a partir do que escrevo ou do que andei defendendo nos raros momentos em que apareço diante deles para falar sobre assuntos que nos interessam. Mais a eles do que a mim mesmo, claro, pois não tenho sentido muita animação para discutir o que vai acontecer ou o que já está acontecendo, pela força mesmo da História e mais essas coisas que se passam com o mundo que temos diante de nós.
Em suma, é sempre gente cheia de ideias e de projetos sobre o Brasil e o mundo, doida para que aquele esteja completando o que fatalmente se espera de ambos para que nossa existência se justifique. Como tudo depende de nós, poderemos então dormir em paz.
Enquanto isso não acontece, fico buscando pequenas alegrias, daquelas capazes de nos fazer esquecer um pouco nossa impotência diante de tanta perplexidade.
O Botafogo tem sido uma dessas alegrias. Sei que meus companheiros de time provavelmente estarão pensando que estou me precipitando, porque afinal ainda não ganhamos nada. Característica nossa. Acho que vamos ganhar o Brasileirão e a Libertadores. Mas se aquelas coisas que só acontecem com o Botafogo acontecerem mesmo, tem sido um prazer ver o time jogar.
Uma outra alegria é o magnífico filme de Walter Salles “Ainda estou aqui”. Falei um pouco dele antes do seu lançamento. Tenho a impressão de que já se falou quase tudo sobre ele. Um filme de sensibilidade única, narrado através de uma mãe e sua família, o que traz tudo para muito perto de todos nós. Não há adjetivos suficientes para celebrar o desempenho de Fernanda Torres. Uma atuação simplesmente perfeita, que merece todos os aplausos e prêmios do mundo. Melhor ainda é saber que o filme é um sucesso comercial no Brasil, como há muito tempo não se via. Torço para que o público se recorde de como é bom ver um filme numa tela grande cercado de gente. Uma experiência única, tão mais rica e interessante do que as melhores TVs das nossas casas. O filme nos representa no Oscar 2025, além de estar concorrendo em diversas outras categorias. Tenho muita esperança de que “Ainda estou aqui” pode nos trazer, finalmente, nosso primeiro Oscar. Como já disse aqui, meu coração nesses dias está gostando de trair sua vocação botafoguense. O filme merece, Walter (que também é Botafogo) merece, o Brasil merece.