Manda quem pode
Tudo começou quando Tancredo Neves morria, era inevitável. No Ministério da Justiça convoquei, para reunião, quem poderia dar opinião sobre como José Sarney, vice-presidente, passaria a ser presidente da República.
Tudo começou quando Tancredo Neves morria, era inevitável. No Ministério da Justiça convoquei, para reunião, quem poderia dar opinião sobre como José Sarney, vice-presidente, passaria a ser presidente da República.
O Supremo era o lugar certo para o homem certo, inverto o lugar-comum para exprimir o casamento perfeito entre o homem e a Instituição. Lá ele se tornou mestre, professor e exemplo, transformando-se num dos maiores ministros que já teve o Supremo Tribunal Federal.
A ideia de que o armamento e qualquer arma que seja pode limitar a destruição é de um primarismo incompreensível. Tenho pregado o desarmamento em todo foro a que tive acesso, inclusive nas Assembleias Ordinárias das Nações Unidas e na Sessão Especial sobre Desarmamento de 1988.
Ontem o Papa Francisco divulgou a carta apostólica Grandeza e Miséria do Homem, louvando aquele que fez os mais violentos ataques contra a Companhia de Jesus, a que ele pertence: Blaise Pascal. O motivo é a comemoração dos quatrocentos anos de nascimento desse gênio precoce que marcou profundamente a cultura francesa — a cultura universal.
Como a maioria das nações, o Brasil já enfrentou a guerra externa e a guerra intestina. Pagou por isso um preço enorme, mas incontável mesmo é o que pagaram os mortos e suas famílias
E o livro não é apenas uma ideia, ou várias ideias. É o maior instrumento que o homem criou para que a humanidade continue com seu destino: o da convivência, da coexistência, da sobrevivência.
Temos uma tendência a pensar que os anos são bons ou maus, mas, parafraseando Ortega y Gasset, podemos dizer que os anos são os anos e suas circunstâncias. Falei nas últimas semanas de dois bicentenários de nascimento, o do Parlamento brasileiro e o de Gonçalves Dias.
Aproxima-se o bicentenário de nascimento de Gonçalves Dias. Haverá festa, aqui e ali, mas não vejo programada a grande homenagem que o Brasil deve a seu primeiro grande poeta.
O dia 3 de maio de 1823 foi, segundo dois dos protagonistas do dia - o que discursava, Pedro do Brasil, imperador por ter feito a independência, e o principal redator do discurso, José Bonifácio de Andrada e Silva - '? o dia maior que o Brasil tem tido, dia em que ele pela primeira vez começa a mostrar ao mundo que é Império livre'.
A Constituição consagrou um princípio relativamente novo: o da ação afirmativa. De uma forma aparentemente contraditória, ele aparece inicialmente no art. 3º, ao colocar entre os objetivos fundamentais da República o 'bem de todos', sem 'quaisquer formas de discriminação'. Ora, a leitura deste inciso deve ser vista com a ótica do enunciado de Rui Barbosa de que a igualdade consiste em tratar desigualmente os desiguais. No art. 4º nossa Carta repudia o racismo; no 5º, veda e pune a discriminação e o racismo (XLI e XLII), com 'aplicação imediata'. Mais explicitamente, as ações afirmativas surgem no art. 7º, XX, ao proteger o mercado de trabalho da mulher; no art. 37, VIII, ao reservar vagas para pessoas portadoras de deficiência, e no art. 170, IX, ao favorecer as empresas de pequeno porte.
Como intelectual sempre tive uma preocupação humanista nas minhas decisões, preocupando-me não apenas em melhorar a sorte do povo brasileiro como também a de toda a Humanidade.
Sempre tive uma boa memória. Quando falha fico preocupado. Pois não é que esta semana ela me fez uma que quase me leva ao pânico? Felizmente para lembrar tive a ajuda de Tereza Cruvinel, brilhante jornalista a quem nos ligam laços de afeição desde que ela chegou a Brasília.
No Dia Internacional da Mulher a Câmara dos Deputados deu um grande passo: aprovou o projeto das deputadas Maria do Rosário, Rejane Dias, Professora Rosa Neide, Gleisi Hoffmann, Natália Bonavides, Luizianne Lins, Benedita da Silva e Erika Kokay criando uma pensão para os filhos ou dependentes menores de mulheres vítimas de feminicídio, um crime horrendo. Lembremos que muitas vezes as vítimas de feminicídio já sofreram outras agressões punidas pela Lei Maria da Penha, um marco na proteção às mulheres, mas que não pode resolver por si só as situações de preconceito da própria sociedade.
No final do século passado apresentei um projeto de lei que foi aprovado no Senado e atropelado na Câmara dos Deputados depois de muitos anos. Era muito simples, tinha apenas um artigo: estabelecia uma cota mínima de 20% para a população negra no preenchimento das vagas nos concursos para investidura em cargos e empregos públicos dos três níveis do Governo, nos cursos de graduação em todas as instituições de educação superior do território nacional e nos contratos do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior.
Parece que da etimologia da palavra 'carnaval' a única coisa certa é que se refere a carne. Seria para designar a abstinência de carne da quaresma? Ou, como queria o pai italiano de minha amiga Zélia Gattai, para afirmar que 'o que vale é a carne', jogando a origem da festa para as farras romanas ou germânicas, quando não a uma verdadeira bacanal grega? Essa origem europeia pode ser incontestável, mas basta ver a tristeza do carnaval de Veneza ou a imitação que são os carnavais que pipocam mundo afora para saber que carnaval como sinônimo de alegria tem origem bem brasileira, isto é, africana.