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Artigos

  • Sincericídios a granel

    O Globo, em 07/04/2022

    Lula e Bolsonaro, no afã de manter a polarização da campanha presidencial, jogam cada qual para seu núcleo radical de eleitores, abrindo mão, neste momento, de tentar ampliar o alcance de suas candidaturas. Lula entra em conflito com a classe média, retomando a tese da filósofa petista Marilena Chaui, que berrava: “Eu odeio a classe média”. Bolsonaro também assusta a classe média, que votou nele em peso em 2018, ao insistir na possibilidade de intervenção militar. Vamos por partes.

  • Sem consenso

    O Globo, em 05/04/2022

    A reunião dos presidentes de partidos do agora chamado Centro Democrático, antiga terceira via, em vez de encaminhar uma solução consensual sobre uma desejada chapa única de União Brasil, PSDB, Cidadania e MDB, deverá registrar mais dissensos que entendimentos. A semana começa com os partidos empenhados em achar uma solução, todos afirmam que não há divisão e que os entendimentos estão acontecendo.

  • Diversos cheiros

    O Globo, em 03/04/2022

    Vamos assistir daqui para frente a uma disputa encarniçada no PSDB e no União Brasil para a indicação de um candidato à presidência da República, o que só facilitará a polarização entre Lula e Bolsonaro. No União Brasil, partido nascido da fusão do PSL com o DEM, o presidente Luciano Bivar, que liderava o PSL quando Bolsonaro foi eleito em 2018, quer repetir a dose com Moro, mas o vice-presidente, ex- prefeito de Salvador ACM Neto, anuncia que vai impugnar sua filiação.

  • ‘Amémsalão’

    O Globo, em 31/03/2022

    Tudo está conectado. Não é por acaso que, no mesmo dia em que o deputado federal bolsonarista Daniel Silveira resiste a uma ordem judicial para colocar tornozeleira eletrônica, o presidente Bolsonaro tenha voltado, do nada, a criticar a urna eletrônica. Ambas as situações têm como alvo um único ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que presidirá o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante as eleições e determinou novas punições ao parlamentar.

  • Novas peças no tabuleiro

    O Globo, em 29/03/2022

    A decisão do governador do Rio Grande do Sul de permanecer no PSDB, em vez de aventurar-se numa candidatura à Presidência da República pelo PSD, implica também aceitar a decisão do partido de ter o governador João Doria como seu candidato oficial. A não ser que até junho, quando os partidos envolvidos na negociação para um candidato único que possa derrotar Bolsonaro e Lula se decidirão, Doria não tenha saído da posição secundária em que aparece hoje na pesquisa eleitoral do instituto Datafolha.

  • A via da esperança

    O Globo, em 27/03/2022

    Já há pelo menos um acordo entre os integrantes da chamada “terceira via”: é preciso unir forças para atingir o objetivo maior, que é tirar o presidente Bolsonaro do segundo turno para enfrentar Lula. Há quem, como o deputado Rodrigo Maia, hoje Secretário no governo Doria, ache que o nome está errado. Teria que ser algo como “via da esperança”, como gosta Doria.  Está acertado entre os pré-candidatos do PSDB, governador João Doria, e do MDB, senadora Simone Tebet, e mais a direção do União Brasil que em junho se sentarão para avaliar quem está melhor nas pesquisas de opinião, e quem tem melhores condições de competir contra os dois favoritos.

  • Aparelhamento evangélico

    O Globo, em 24/03/2022

    Há quem considere que a deterioração do nosso sistema eleitoral teve início quando os partidos políticos descobriram uma maneira certa de eleger mais candidatos sem precisar de tantos votos quanto o quociente eleitoral exige. Passaram a procurar primeiro artistas, radialistas e jornalistas televisivos, depois jogadores de futebol, e atualmente os candidatos evangélicos têm a predominância.

  • Chapa quente

    O Globo, em 22/03/2022

    A questão já não é saber quem será o vice escolhido por Bolsonaro na campanha à reeleição, mas ressaltar por que ele foi escolhido. O general Braga Netto, atual ministro da Defesa, não dará um voto a mais para a chapa, enquanto o general Hamilton Mourão, atual vice, a esta altura já poderia ampliar o eleitorado de Bolsonaro pelas razões inversas às que levaram o presidente a substituí-lo por Braga Netto.

  • Ainda os ciclos eleitorais

    O Globo, em 20/03/2022

    Em sete eleições federais realizadas desde a volta da democracia, de 1982 a 2014, captadas pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), a pobreza cai em todos os anos eleitorais e sobe em todos os anos pós-eleitorais, com exceção de 2007. A queda média de pobreza em ano eleitoral foi 12,82% e o aumento no ano pós eleitoral foi de 14,92%. Essa é uma das conclusões de estudos levados a cabo pelo economista Marcelo Neri, da Fundação Getulio Vargas do Rio, especialista em distribuição de renda. Neri foi presidente do IPEA e ministro de Assuntos Estratégicos do governo Dilma.

  • Ciclo de negócios

    O Globo, em 17/03/2022

    A batalha do presidente Bolsonaro com a Petrobras pelo preço da gasolina, do diesel e do gás resume o que historicamente acontece no Brasil em anos eleitorais. Também a distribuição de verba pública para a população, como o repasse do dinheiro do FGTS e o novo Bolsa Família turbinado, está incluída em estudos que mostram quão poderoso é o efeito de políticas de rendas nos períodos eleitorais.

  • Partidos buscam saídas

    O Globo, em 15/03/2022

    Faltando duas semanas para a definição das federações partidárias, e também para a troca de legenda sem sofrer punições da legislação eleitoral, a movimentação nos bastidores está intensa, indicando não apenas a dificuldade de compromissos mais permanentes entre legendas, como coligações que podem interferir no resultado eleitoral.

  • Compromissos

    O Globo, em 13/03/2022

    Na posse da nova diretoria da Academia Brasileira de Letras (ABL), sexta-feira, enumerei alguns compromissos da principal instituição cultural do país, que passo a explicar:

  • Estado laico?

    O Globo, em 10/03/2022

    É um absurdo que um presidente da República diga a um grupo religioso que vai levar o país para onde eles quiserem. Fossem de qualquer religião, Bolsonaro não poderia assumir esse compromisso, como fez com os evangélicos. Não estamos num governo teocrático, nem num país que se submete a qualquer religião. É um absurdo duplo: campanha eleitoral e declaração pública de que o governo está à disposição de um grupo religioso em troca de votos. Um retrocesso terrível para o país.

  • Botequim digital

    O Globo, em 08/03/2022

    ‘As redes sociais dão o direito à palavra a uma legião de imbecis que antes falavam apenas num bar e depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade.’ Essa constatação do escritor e linguista Umberto Eco nunca foi tão exata quanto no caso do deputado estadual (ainda?) Arthur do Val, que se elegeu com o pseudônimo de Mamãe Falei, nome de um programa seu no YouTube.

  • Sanções descabidas

    O Globo, em 06/03/2022

    Não apenas as sanções econômicas, instrumentos eficazes e necessários, atingem a Rússia, mas também as culturais, importante “soft power” do país. Essas, descabidas.  A Rússia trata muito bem seus escritores, pelo menos os mortos. Dostoiévski, Gorky, Tolstói, Tchekhov, Gogol, e, sobretudo, Alexandre Pushkin, poeta considerado o precursor da moderna novela russa,  são figuras que dominam as ruas e praças das principais cidades da Rússia, especialmente Moscou e São Petersburgo, terra de Putin. Os locais onde moraram tornaram-se quase todos museus. Mas o mundo está tratando os escritores e artistas russos, do século XIX e os atuais, de uma maneira insana, como se a invasão da Ucrânia transformasse todo artista russo, vivo ou morto, em inimigo da Humanidade, e não seu patrimônio.