Até a volta
Estou me despedindo de 2019. Talvez ele não tenha culpa de nada do que me tenha acontecido, mas foi durante seu reinado que aconteceu. No plano geral e no close, um ano sombrio em minha vida. No público e no privado.
Estou me despedindo de 2019. Talvez ele não tenha culpa de nada do que me tenha acontecido, mas foi durante seu reinado que aconteceu. No plano geral e no close, um ano sombrio em minha vida. No público e no privado.
E os juros foram para um patamar histórico mínimo, o Banco Central acaba de determinar que eles baixem para 4,5%. Isso não vai resolver a questão da miséria no Brasil ou a de nossa vergonhosa desigualdade, mas deve ajudar o país de algum modo.
O Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, cuja 52ª versão acaba de se encerrar, é o mais antigo do país. Vi-o nascer e participei de sua inauguração com meu segundo longa-metragem, “A grande cidade”, em 1967.
Nenhum regime ou governo, hoje instalado no mundo, tem, de modo explícito, por base, princípio ou programa, o combate à desigualdade. Em nosso mundo, a desigualdade é cada vez maior, em todas as sociedades do planeta.
Vivemos num mundo em transformação. Isso parece óbvio, porque o mundo sempre esteve em transformação, o tempo todo. Mesmo que as circunstâncias, às vezes, o levem a uma transformação para trás.
Se eu fosse um dos 4 milhões de jovens que fizeram o Enem este ano, teria exultado com o tema escolhido para a redação, “A democratização do acesso ao cinema no Brasil”. Tem a ver com minha atividade profissional.
A gente devia agradecer aos meninos da família Bolsonaro pelo serviço que eles prestam à pobrezinha da nossa democracia. Com os absurdos que eles vivem sugerindo, o país está sempre testando e, em geral, confirmando nosso carinho pela coitadinha.
O Brasil se encontra radicalmente dividido entre duas grandes formas antagônicas de pensar o país. De um lado, pseudo-conservadores que pretendem restaurar aqui um passado que nunca tivemos. De outro, pseudo-revolucionários projetam nosso futuro para amanhã de manhã.
Engana-se quem pensa que Hollywood produz só entretenimento. O que caracteriza os filmes americanos bem-sucedidos, antigos ou recentes, é justamente o compromisso com o chamado “american way of life”, as bases culturais que geraram e geram o comportamento americano.
No final do ano passado, Renata Almeida Magalhães, minha esposa e produtora, produziu, em Niterói, o filme “Aumenta que é rock’n’roll”, dirigido pelo jovem realizador Tomás Portella, a partir do livro “A onda maldita”, de Luiz Antonio Mello.
A grande mídia e as redes sociais não deram muita bola para o caso, mal o anunciaram. Mas três procuradores da República entraram, no dia 1º de outubro, com uma Ação Pública contra o ministro da Cidadania, Osmar Terra.
Se a mim coubesse discursar na abertura da 74ª Assembleia Geral da ONU, se eu tivesse essa honra por causa de nossos antepassados políticos que a mereceram por suas ideias, elegância e dignidade, evitaria levar comigo uma pobre moça com cara de indígena que serviria apenas para me filmar encantada, com seu celular progressista de homem branco.
‘Foram anos duros, mas foram os melhores anos de nossas vidas”. Essa citação de Bertolt Brecht está em “Prólogo, ato, epílogo”, editado pela Companhia das Letras, livro de memórias de Arlette Pinheiro, a atriz que melhor conhecemos pelo pseudônimo que adotou como profissional e que assina a obra, Fernanda Montenegro.
Numa democracia de verdade, é sempre muito difícil determinar o que deseja a maioria. Sobretudo no presidencialismo, a maioria se manifesta e é compreendida através do voto, apenas de quatro em quatro anos, podendo muito bem mudar de opinião depois de uma eleição, num prazo curto ou não.
Se durmo mal à noite, acordo meio distraído, preciso me iludir com manias contemporâneas e caio de boca na internet para ver o que é que há. Então, leio os posts matutinos e me assusto: onde é que estamos? E minha cabeça roda em busca de uma direção, tentando entender: onde é que viemos parar?