Portuguese English French German Italian Russian Spanish
Início > Noticias > Morre o sócio correspondente Mario Vargas Llosa

Morre o sócio correspondente Mario Vargas Llosa

 

O escritor, jornalista e sócio correspondente Mario Vargas Llosa faleceu, aos 89 anos, na noite de domingo (13), em Lima, no Peru. A causa da morte ainda não foi informada. Llosa foi o oitavo ocupante da cadeira 12. Entrou para a ABL em 2014, na sucessão do professor norte-americano Fred P. Elisson.

Com a Acadêmica Nélida Piñon

Em 2010 venceu o Prêmio Nobel e, em 2021, foi o primeiro escritor a entrar na Academia Francesa sem nunca ter escrito nada em francês. Eleito em novembro de 2021, o escritor hispano-peruano assumiu sua cadeira de número 18. Também era membro da Real Academia Espanhola.

Suas convicções políticas o levam a tentar eleger-se presidente do Peru em 1990 por uma coalizão de centro-direita. No segundo turno perde para Alberto Fujimori, um choque inesperado pois havia vencido na primeira votação e era dado como eleito. Em 1993, decide deixar o país e obtém cidadania espanhola.

Os temas sociais sempre pautaram sua trajetória. A leitura de Os Sertões, de Euclides da Cunha, serviu de inspiração para seu livro épico Guerra no Fim do Mundo, em 1981, sobre Antônio Conselheiro e seus desvalidos seguidores, e a trágica Guerra de Canudos, no interior da Bahia.

Mais tarde, em O Paraíso na Outra Esquina (2003), escreveu sobre a busca da liberdade por meio de dois personagens, a escritora e feminista Flora Tristán e seu neto, o pintor francês Paul Gauguin. Flora (1803-1844) foi importante difusora das ideias socialistas e dos direitos das mulheres e trabalhadores. Ao trabalhar neste livro, Llosa já havia escrito um prefácio às memórias de Flora, Peregrinações de uma Pária (Fondo Editorial de la Universidad de San Marcos).

No dia da entrega da Medalha Machado de Assis, em 1997

Trajetória profissional

Nascido na cidade de Arequipa, no sul do Peru, em 28 de março de 1936 em uma família de classe média, foi educado por sua mãe e seus avós maternos em Cochabamba (Bolívia) e depois no Peru.

Ingressa no Colégio Militar aos 14 anos, por pressão paterna e, da experiência, escreve o romance La Ciudad y los Perros, 1963 (Batismo de Fogo na primeira edição brasileira, A Cidade e os Cachorros, na mais recente). Em A Casa Verde, 1966, narra a vida de personagens em um bordel cujo nome dá título à obra. Após seus estudos na Academia Militar de Lima, obteve uma licenciatura em letras e, ainda muito jovem, deu seus primeiros passos no jornalismo.

Após seus estudos na Academia Militar de Lima, obteve uma licenciatura em letras e, ainda muito jovem, deu seus primeiros passos no jornalismo.

Instalou-se em 1959 em Paris, onde se casou com sua tia Julia Urquidi, 10 anos mais velha, e exerceu várias profissões: tradutor, professor de espanhol e jornalista da Agence France-Presse. Anos depois, separou-se de Urquidi e se casou com sua prima-irmã e sobrinha de sua ex-esposa, Patricia Llosa, com quem teve três filhos e 50 anos de relação.

Vargas Llosa foi um dos grandes protagonistas, juntamente com o colombiano Gabriel García Márquez, o argentino Julio Cortázar, e o mexicano Carlos Fuentes, do "boom latino-americano", um fenômeno literário que, nas décadas de 1960 e 1970, tornou os jovens autores conhecidos em todo o mundo.

Em 1959, quando publicou seu primeiro livro de relatos, Os Chefes, com o qual obteve o Prêmio Leopoldo Alas. Depois, ganhou notoriedade com a publicação de A Cidade e Os Cachorros, em 1963, seguida três anos depois por A Casa Verde. Seu prestígio se consolidou com Conversa na Catedral (1969).

Com suas obras traduzidas para 30 idiomas, Llosa foi prestigiado com os prêmios Cervantes, Príncipe de Astúrias das Letras, Biblioteca Breve, o da Crítica Espanhola, o Prêmio Nacional de Novela do Peru e o Rómulo Gallegos.

Naquele ano, recebeu o Prêmio Nobel de Literatura. O autor peruano dizia que queria continuar escrevendo até o último dia de sua vida e cumpriu sua palavra com a publicação de obras como O Herói discreto, ou Tempos Ásperos, sobre a agitada história recente da Guatemala, que lhe rendeu o Prêmio Francisco Umbral de Romance.

Alguns desses livros foram adaptados para o cinema. Seu conterrâneo Francisco Lombardi adaptou A Cidade e os Cachorros e Pantaleão e as Visitadoras. O próprio Llosa dirigiu, com Jon Amiel, uma versão de Tia Júlia e o Escrevinhador. E há uma adaptação russa de A Cidade e os Cachorros chamada El Jaguar, que é o nome de um dos protagonistas do romance, o recruta rebelde. Já seu conto Los Cachorros foi adaptado pelo mexicano Jorge Fons.

14/04/2025